QUÍMICA A SERVIÇO DA HUMANIDADE
Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola N°
5 – Novembro 2003
Luciana Almeida Silva e Jailson B. de Andrade
A Química, de forma ampla, pode
ser definida como o ramo da ciência dedicado à observação, transformação e construção , pois o trabalho do Químico
geralmente inclui a observação e/ou determinação da estrutura ou composição de
espécies químicas presentes nos seres vivos, no ambiente e nos materiais, bem
como a transformação e construção de novas moléculas. Tradicionalmente, a
Química compreende quatro divisões didáticas: Química Analítica, Química
Inorgânica, Química Orgânica e Físico-Química que, atualmente, estão em
crescente desuso. Novas subáreas temáticas estão emergindo e representam de
forma ampla os principais focos atuais da Química. Por exemplo, a Química dos Materiais,
Química Medicinal e Química Ambiental são divisões interdisciplinares, bastante
abrangentes, e englobam, majoritariamente, os diversos campos de estudo e os
desafios contemporâneos da química.
Algumas das principais missões da
Química, que demonstram a importância desta área do conhecimento para a
humanidade. O século passado presenciou o maior aumento na expectativa de vida
do ser humano, que saltou de cerca de 40 anos para aproximadamente 70 anos, e
parte significativa deste salto foi devido aos avanços da química. Entretanto,
uma parcela significativa dos atuais seis bilhões de habitantes do planeta não
têm acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas. Também, cerca de 1
bilhão de pessoas não têm acesso a água potável de boa qualidade e 1,3 bilhão vivem
em locais em que a qualidade do ar é imprópria. Vale ressaltar que os danos ao
ambiente e a preocupação com a questão ambiental não são tão atuais. Na Roma
Antiga, atividades como curtumes, matadouros, lavanderias e fabricação de
azeite, só eram permitidas em locais desabitados e, na Grécia Antiga, era
exigida autorização especial para a construção de curtumes e fundições de
prata.
A química ambiental é uma das
áreas da ciência que mais tem crescido nas últimas décadas. Ela procura
entender a composição e o comportamento do solo,
da água e do ar, quais as interações complexas entre esses sistemas, como eles
são influenciados pelas atividades humanas e quais são as suas conseqüências.
Os conhecimentos acumulados com
esses estudos têm contribuído de forma significativa na prevenção e correção de
problemas ambientais, por exemplo,
pela produção de plásticos (usados
em embalagens e utensílios) que se degradam facilmente no ambiente, a
descoberta de produtos usados como propelentes e em sistemas de refrigeração
que não danificam a camada de ozônio e a reciclagem
de materiais como metais, plásticos, papel e borrachas. Esses novos
procedimentos e iniciativas, comumente chamados de “Química Verde”, têm como foco desenhar produtos e processos que
reduzam ou eliminem o uso e a produção de substâncias danosas ou perigosas à
saúde humana e ao ambiente. Os conhecimentos gerados também podem servir de guia
para mudanças no comportamento humano, esclarecendo a sociedade sobre os riscos
ambientais que certos produtos e atitudes oferecem e a possibilidade de
substituí-los por outros menos nocivos.
Entretanto, a segurança do ambiente não é um problema local ou pontual e exige
esforços concentrados de todo o planeta. A geoquímica tem feito muitos progressos no entendimento da química
da terra e seus componentes, incluindo
rios, lagos e oceanos.
Muitos desses envolvem teorias
fundamentais como a termodinâmica, mas em escala muito maior que a molecular. A
química da atmosfera tem, também, contribuído bastante para elucidar com
detalhes várias questões ambientais, como a depleção da camada de ozônio, o aquecimento global e o “seqüestro”
de carbono. Na década de 1970 surgiu a primeira pista de que os compostos
genericamente denominados de CFCs (do inglês chlorine-fluorinecarbon) podiam
estar destruindo a camada de ozônio, localizada na estratosfera, e que protege a
Terra dos raios solares ultravioleta que, entre outras ações, são cancerígenos.
Por ironia, os CFCs foram especialmente escolhidos pelos cientistas da Du
Pont™, para uso em refrigeração e como propelentes, por serem inertes.
Entretanto, esses gases são levados à estratosfera.
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